Posts

Showing posts from June, 2007

Tiro na cara!

Festa Junina no G...., o celular toca: - Ademir, beleza? - Fala Helton, bao de mais? Onde vcs estao? - Na casa da Tia Marina. To ligando para te dar noticia ruim. Sabe o Roberto da Maria? Poiseh, o Vinicius, filho dele, tomou um tiro na cara. - Serio? O que aconteceu? - Serio, tentativa de assalto... Ele jah tah no hospital... morreu. Vinicius eh um amigo meu de adolescencia. Na verdade ele eh sobrinho de uma das minhas tias, mas nao eh meu primo diretamente. 28 anos. Saih imediatamente da festa junina e fui para a casa de tia Marina. Quando cheguei estavam Simara e Catia, com olhos vermelhos e uma cara de "o que aconteceu?". Mais tarde entendi que a maior razao para a vermelhidao nos olhos nao era tanto a morte precoce do Vinicius, mas a forma como ele morreu. - Tia, o que aconteceu? Perguntei. - Ele estava chegando em casa do trabalho. Quando parou o carro para entrar na garagem, dois assaltantes vieram e um deles deu um tiro na cara dele... a rua nem estava vazia, teve ge

Roda de Choro

I O choro é como um vestido de roda que não segue a moda, que a moda não dura. O seu tecido é de fino novelo, parece um modelo da alta-costura O cavaquinho pesponta por dentro alinhava no centro o bordado da flauta, e o sete cordas, exímio na linha, remata a bainha da barra da pauta. Os violões vão tecendo a fazenda com tramas de renda feito um trancelim, enquanto o molde do choro é cortado pelo dedilhado de um bandolim II O alto-relevo suave do pano quem faz é o piano com a ponta do fio, e o acordeon recorta a silhueta quando a clarineta desenha o feitio. O trombone chega trazendo os enfeites, botões e colchetes e uma pala nova, depois o sax ajeita o bordado e ajusta do lado pra última prova. É o pandeiro que dá o caimento, faz o acabamento com fecho de ouro. E não tem moda que faça um vestido de fino tecido mais lindo que o choro. Paulo César Pinheiro Poema irretocavel. Perfeita ilustracao.