Entorpecimento branco

A branquitude vive num nível de entorpecimento, de um narcisismo, de uma alienação tamanha que ela precisa de uma ficção, de um teatro, de um filme, de um seriado, de uma música, de uma encenação da própria realidade, que está lá explicita, direta, vísivel, pra ela consiga ver e acessar o que esta acontecendo todo dia, na cara dela.

O Mano Brown explica melhor do que eu.

"Tinha coisa muito obvia q ninguém via (...). 

Então, a cegueira. Eles não vê pq eles tava cego! Tava na cara deles. 

Eles não encontrava com os muleque no farol? Eles já não tinha visto assalto? Eles não tinha visto a favela multiplicando na cidade? Eles não acompanha noticiário? Eles não vê o cara trabalhando na casa dele, tirando a sujeira dele? Ele nao vê? Tá cego! 

Como que vc ignora uma pessoa que tá na sala da sua casa, cheia de problema, triste, cabeca baixa? Vc não percebe? E se fosse com eles [os dono da casa]? O cara nao eh um movel! Eh um ser humano! 

Num tá vendo um tanto de gente triste aí? Vc não tá vendo? Uma pá de gente triste aí, os bar lotado, cheio de crianca, embaixo de ponte! Puta rebelião, morrendo gente pra caralho.

Vcs tão a onde, parceiro? Na França? 

Aí, quando os Racionais vem falando o óbvio a sociedade: "nosssaaa, os cara eh foda!". Eh foda o que? Sou semi-analfabeto, parceiro! Eu falei o óbvio. 

Puta pais racista do caralho! So patifaria! 

Nós falamo o óbvio. Pq q eles não vê? Os cara [Racionais] eh genio. Gênio o q? Eu saí do primeiro colegial pq eu nao aprendia. Simplesmente, pq foi me cansando, me injuriano! Peguei raiva. Dos aluno, do profesor, da escola! Eu nao aprendia pq eu nao comia bem. Eu nunca fui porra nenhuma. Nem profissao eu tenho." - Mano Brown